sábado, 21 de junho de 2008

Sinceramente

Por Jessyka Albuquerque

Sinceramente, eu não sei o que eu mereço...

Já fui de um cara apaixonado por carros. Daqueles sem perspectiva de vida, que só desejava investir o pouco que ganhava no carro de linha e em aparelhos de som ensurdecedores.

Já fui de um viciado em academia. Tão compulsivo por pesos e largura, que querendo ou não, ficou parecendo uma muralha. Às vezes sinto medo diante de tanta massa muscular quase escorrendo de seus braços.

Já fui de um bem estudioso. Esse sim, com desejo de crescimento (não na largura), mas profissional. Ele vai se dar bem. Nós que não nos damos tão bem. A química foi legal, mas não suficiente.

Já fui de um carinha da escola. Nos víamos todos os dias e a grande desvantagem era ele me ver com cara de sono, e amassada. Se eu tivesse chorado a noite anterior todinha, ele veria, sim, meus olhos inchados. A vantagem era vê-lo logo cedo e dividir risadas bobas de coisas de escola. Ele sempre me ajudava nas tarefas de física.

Já fui de um bem sem vergonha, mulherengo. Ali vivi minhas grandes aventuras, sem limites, sem rédias, sem freio. Eu não tinha medo de esconder nada. Dividíamos tudo, experimentei diversas sensações, e fomos felizes apesar das diferenças.

Já fui de um que conheci na igreja. De boa família e de sorriso bonito. Pensava que iríamos juntos todos os sábado à missa. Mas que bobeira, não passou de alguns beijinhos e tantos suspiros.

Já fui de outro cara de outra igreja. Talvez eu quisesse ser beata. Passei a freqüentar outras missas só para vê-lo dedilhar no violão. Pensava que cantava pra mim, toda vez. A família me adotou, mas não ele. Fiz tanto, ele nada.

Já fui de um que tinha namorada. A adrenalina era boa, ruim era quando eu deitava na minha cama e pensava 'Fui a outra'; era demais arriscar tanto assim. Minha sensibilidade doía.

Já fui de muitos caras numa noite só. Sábado à noite, domingo à noite, acreditava que sendo de ninguém, poderia ser de todo mundo num evento badaladérrimo, regado a muita música e inconseqüência. Já que tudo me favorecia, me permitia ser suja por pelo menos, aquele curto tempo.

Já fui de um poeta. Chamam-no assim. Um delírio, uma fantasia, uma saudade... Escrevo feio e ele escreve bonito. E, atualmente, penso nele antes de dormir. Pelo menos adormeço mais calma, e com aspiração de bons sonhos. Não o vejo, mas o sinto de alguma forma... tão boa. E essa sensação eu queria para sempre. Por mais que o sempre não exista, o faço dentro de mim.

Amanhã serei de quem?

sábado, 14 de junho de 2008

Enquete

Participe da nossa enquete sobre a cirurgia de reconstituição do hímen.
Clique aqui para ler a matéria de Jaqueline Ribeiro e votar no final.


As Calcinhas Delas

sexta-feira, 6 de junho de 2008

O sonho de entrar na universidade

As mulheres são maioria em todos os níveis de ensino no Brasil


Por Gabriela Alves

Munidas de sonho, força de vontade e expectativas, adolescentes lutam e acreditam em uma vaga na Universidade. Um curso universitário é considerado para elas e outras estudantes como meio de crescer socialmente. A formação superior adquirida com a conclusão da graduação também é vista como um facilitador para uma colocação no mercado de trabalho e uma melhor remuneração no emprego alcançado.

Para Gisele Santos, 18 anos, as expectativas são as melhores. Ainda no ensino médio começou a fazer curso preparatório. É a segunda vez que se matricula para o vestibular e está confiante. “Quero aprender bastante dentro do curso que escolhi. Desempenhar bem minha vida acadêmica e sair da faculdade pronta para o mercado de trabalho”.

Depois que passou por uma cirurgia cardíaca, Tatiane Guerra, 18 anos, diz que se interessou muito pelo assunto, quer realizar seu grande sonho de cursar medicina. Há um ano ela tenta ingressar na universidade e diz que desistir não faz parte dos seus planos. “Espero crescer intelectualmente e superar minhas dificuldades. Com um curso superior existe mais possibilidades de emprego e a remuneração é melhor”, afirma.

Determinada, Natasha Parreira, 17 anos, estudante do ensino médio é apaixonada por nutrição e sabe exatamente o que quer. “Não abro mão de fazer um curso superior. Quero sair do ensino médio e entrar logo na universidade para cursar nutrição. Porque é isso que eu quero na minha vida”.

O censo de Educação Superior 2003 informa que a participação das mulheres na educação superior surpreende não apenas pela maior presença no número de matrículas de graduação, mas também, pela sua crescente presença no corpo docente das universidades nos níveis mais elevados de titulação. Enquanto o número de docentes homens cresceu 67,9% de 1996 a 2003, o número de docentes mulheres aumentou em 102,2%.

Os dados constam do estudo “Trajetória da Mulher na Educação Brasileira”, lançado em homenagem ao dia Internacional da Mulher.

Conforme a música

A pedido de alguns leitores, essa semana o blog traz mais matérias de comportamento. Duas coisas passaram pelas Calcinhas e não puderam deixar de serem notadas: a questão da cirurgia para reconstituir o hímen e o que passa pela cabeça das solteiras.

Filhos não seguram casamento, mulheres sem namorado e com mais de 30 anos não são "titias", e casar não é mais o principal sonho de uma mulher. Ser virgem pode ser desejável, mas não é tabu. Talvez um dia volte a ser moda, mas de certo a virgindade não será vista como antigamente.

Então, ao som das melodias que embalam essas mulheres, prestigie as matérias de Jaqueline Ribeiro e Gabriela Alves:

"Ela é livre e ser livre a faz brilhar
Ela é filha da terra, céu e mar
Dandara"


"Só porque disse que de mim não pode gostar
Não quer dizer que não tenha do que duvidar
Pensando bem, pode mesmo
Chegar a se arrepender
E pode ser então que seja tarde demais
Vai saber?"
"É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará"
"Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo
Prá cantar..."
As Calcinhas Delas

Cirurgia para reconstituir o hímen e suas versões

Mulheres que recorrem às cirurgias plásticas para satisfazerem os maridos ou simplesmente porque não estão satisfeitas com o que têm.

Por Jaqueline Ribeiro

Casar virgem parece ser coisa do passado. Mas não é bem assim como muitos pensam. Em muitos países, a virgindade significa pureza. Seja por questões culturais, sociais ou religiosas, não há como questionar a importância do tema “virgindade”. O valor é um conceito pessoal ou de tradição familiar, às vezes considerado como moral. Tem mulheres que fazem questão de se casarem virgens, e há aquelas que buscam a virgindade de volta.

No livro “As Meninas”, de Lygia Fagundes Telles, a personagem Ana Clara quer voltar a ser virgem para enganar um suposto noivo ricaço, mas tornar-se virgem novamente não é coisa só da ficção. Na vida real, muitas mulheres buscam a cirurgia de reconstituição do hímen.

O Hímen é uma pequena dobra de pele que fecha parcialmente a entrada da vagina. Em circunstâncias normais, o hímen se rompe durante a primeira relação sexual, mas isto pode ocorrer acidentalmente sem que a mulher tenha tido alguma experiência sexual.

A Himenoplastia, cirurgia de reconstituição do hímen, foi criada na França e chegou ao Brasil há mais de 10 anos. De acordo com a ginecologista Viviane Godoy, a cirurgia é simples e dura em média, 30 minutos. “Quase não há dor, o procedimento é realizado com anestesia local, a recuperação também é rápida, e a abstinência dura cerca de 15 a 30 dias”, explica.

Segundo o psicólogo Dhaniel Henrique Alves, essas questões de virgindade não passam de mitos. Ele acha que as pessoas buscam isso para satisfazer o ego próprio. “Acho culturalmente incompatível as pessoas acreditarem que existe alguma associação da virgindade ao caráter da mulher.” Para ele, a virgindade vai além da questão física do rompimento do hímen. "A relação sexual não acontece só quando há penetração, o sexo oral é um tipo de relação sexual, e no caso da pessoa fazer o sexo oral sem a penetração, ela já não é mais virgem. A virgindade não está no hímen”.

No Brasil, a cirurgia é legalizada. Viviane fala que a cirurgia consiste em costurar sobras que ainda restam do hímen que ficaram na vagina. Caso não exista mais, é feito um novo, com o tecido das paredes da vagina, e não precisa de internação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o mais comum é a redução ou o aumento dos lábios da vagina, no caso de mulheres que sofrem de alguma disfunção sexual.

As opiniões se divergem quando o assunto é reconstituição do hímen. Há quem seja a favor e há que seja contra. O blog As calcinhas delas foi saber o que algumas pessoas pensam sobre o assunto. Confira:

POVO FALA

Lúcio Martins, 31 anos, garçom: “Não dá pra entender essas loucuras, grande parte das mulheres reclamam que a primeira vez dói, aí algumas querem voltar a ser virgens?”


Gilvânia Delmondes, 28 anos, telefonista: “Eu li em uma revista que aquela empresária e modelo Ângela Bismarchi fez essa cirurgia porque o marido pediu. Olha, eu nunca pensei nisso, mas se meu marido tivesse essa fantasia também, eu acho que faria sim”.


Leilane Daameche, 23 anos, estudante: “Vão cortar, costurar e depois tem que esperar cicatrizar, quando for perder de novo, provavelmente sangra e deve doer também. Não quero isso de novo pra mim não.”


Célia Ansai, 43 anos, dona de casa: “Isso é uma mentira. Quem disse que mulher virgem é digna?”


Ângela Muniz, 66 anos, aposentada: E isso existe? Nunca imaginei uma coisa dessas. Mas no mundo em que vivemos não se pode esperar mais nada. Mas me explica essa cirurgia, minha filha.


Andréia Hotta Kffuri, 29 anos, advogada: Eu sou contra. Pensei que o tabu da virgindade feminina, não existisse mais.

Paula Cristina de Souza, 33 anos, recepcionista: Acho uma verdadeira bobagem. Principalmente essas mulheres que querem posar de santinhas. Se perdeu a honra, não vai voltar a ter.



*Não cabe ao grupo “As calcinhas delas”, questionar preceitos, questões culturais ou religiosas, não queremos incentivar nenhum tipo de cirurgia. O conteúdo desta matéria é apenas informativo.


Enquete:



Deixe aqui sua opinião sobre a cirurgia de reconstituição do hímen:

Não vejo nenhum problema em fazer a cirurgia. Eu faria/incentivaria alguém.

É uma questão de escolha. Cada um tem o direito de fazer o que quiser.

Perdeu tá perdido, acho que a cirurgia não faz voltar a ser virgem. Mas faz quem quer.

Isso é um retrocesso! Virgindade não é mais tabu, nemsignifica honra; não faz sentido voltar a ser.

Discordo completamente! Isso é ridículo e absurdo. Perda de tempo e dinheiro.












sexta-feira, 30 de maio de 2008

Pacto com a felicidade

As mulheres de hoje estão cada vez mais sozinhas, é verdade, mas estão longe de serem solitárias, infelizes ou indesejadas.

Por Gabriela Alves

Solteira, divorciada ou viúva, estar sozinha não implica necessariamente ser infeliz, solitária. Foi-se o tempo em que ser solteira era sinônimo de pessoa volúvel ou simplesmente, encalhada. Hoje em dia, estar sozinha se tornou uma opção.

Muitas mulheres já aderiram a esta independência. Morar sozinha, não dar satisfação a ninguém, entrar e sair a hora que quiser sem dar explicações. Sair com os amigos pra se divertir, não perder mais seus sábados à noite chorando, ou viver com enxaqueca por relacionamentos frustrantes.

Divorciada, mãe de duas filhas, formada em direito pela Universidade Católica de Brasília, Maria da Gloria, 53 anos, diz que já teve que escolher entre namoro e os estudos. “Desde criança, recebi uma educação que sempre valorizou o lado profissional e intelectual. Fui criada para ser, primeiro, uma profissional e nunca houve diferença no tratamento dado a mim e ao meu irmão. Algumas vezes, tive que escolher entre um namoro e os estudos e optei pela vida acadêmica. Não tenho marido e me sinto muito bem, porque tenho orgulho de ter personalidade própria”.

O poder de escolher
Permitir manter-se flexível para renovar seus desejos em cada fase da vida. Mudar de idéia quando quiser. Conquistar tempo e espaço para o que importa.

Formada em Administração de empresas, Solange de Araújo, 37 anos, disse que se considera uma pessoa bem-sucedida e feliz. Destacou que a palavra solidão, não faz parte da sua vida. Solange investiu na carreira, fez cursos de especialização e foi aprovada em concursos públicos.
“A mulher não precisa se casar para ser feliz. Se ela trabalha, estuda, é dona de si e procura atingir seus objetivos, o casamento é secundário. Não me casei e não me sinto só, porque só tem solidão quem quer. Sempre consegui conciliar a minha vida afetiva com a profissional”.

Estudo da fundação Getúlio Vargas, de 2005, revela que 30% das mulheres brasileiras vivem solteiras. O que não significa que vivam infelizes ou à procura de um parceiro. Divina Lúcia Santana, por exemplo, tem 50 anos, e há mais de três anos não tem namorado. Mãe de cinco filhos, e separada há oito anos do último marido, Divina diz que não está à procura de um namorado. Sente-se completa e feliz morando com seus filhos.

Engana-se quem pensa que as mulheres solteiras estão sempre à procura de alguém. O mito do príncipe encantado há muito já ficou para trás e o sexo casual não é mais tratado como algo imoral ou impensado. Casar e formar família hoje são planos que podem estar bem atrás de prioridades como conseguir um emprego ou formar-se em curso superior.


Veja também:

sábado, 24 de maio de 2008

Catarse

“Aconteça o que acontecer, o teatro continuará sendo o que foi: um documentário vivo.” Esta frase da glamourosa Dulcina de Morais une duas coisas as vezes tão distantes: Vida e Teatro.

Como o nosso blog que nessa semana homenageia a dama do teatro e traz bem arquitetadamente partes cotidianas de vidas escondidas. Reais ou interpretadas... Que importa? Afinal como diria Artaud, outro gênio do teatro: “- Romper a linguagem para tocar a vida é fazer ou refazer teatro é rejeitar as limitações habituais do homem e tornar infinitas as fronteiras do que chamamos realidade.”
As Calcinhas Delas
Foto de Dulcina de Morais do Arquivo FBT/Divulgação